É assim mesmo? A angústia e a preocupação viraram minhas melhores amigas, pra sempre?
A paranoia da vez é "A FALA" ou a falta dela. É óbvio que, mãe que é mãe, compara as fases de desenvolvimento dos filhos não só com os filhos dos vizinhos, mas com os filhos das amigas, filhos das primas, a criança desconhecida no pediatra, no parque, no cinema, e em todos os lugares onde podemos identificar uma criança em idade próxima.
Isabela continua resistente à fala, "para noooooossa agoniaaa"... Já ouvimos Mamã, Mamá, Tatai, Bóa, Au, Kiki... pois é, já são palavras conhecidas por seus pequenos lábios. Mas, é bom gravar TUDO, porque ninguém consegue arrancar uma reprise dessa criança. Umazinha sequer? Não! Ela fala hoje, pra depois a gente sair contando pros outros e ela se recusar a fazer a exibição da nova habilidade. E trava mesmo! De vez!
E essa neura me consumindo! A filha da vizinha é mais nova e já fala mais que ela. A bebê que ainda nem anda, no parque já pede "guti" pra mamãe, a filha da minha prima já chama a irmã pelo nome certinho, etc. Pergunta básica que toda mãe se faz: onde foi que eu errei?
Pois é, além de o novo pediatra ter mandado uma leve indireta sobre a minha culpa nesse estilo de vida sossegado que a minha filha leva, fiz minha busca no Google e tive mais um dedo apontado na minha cara, dizendo: "Sim, você está estragando a criança!". De novo???
Primeiro foi a demora pra engatinhar. Eu nunca deixava a Bebela no chão, e quando eu digo nunca, quero dizer nenhuma vez na vida, até quase 8 meses de idade! E é exatamente nessa idade que as crianças já estão cansadas de ficar soltas no chão, cheias de brinquedos em volta e nenhum adulto pra pegar. O que a "mamãe coala" aqui fazia? Enfiava a criança no Bumbo, no carrinho, na cadeirinha vibratória, no cercado, colocava no canto da sofá com 300 almofadas em volta, de maneira a permitir praticamente só a respiração, ou, em 50% do tempo, estava com ela no colo mesmo. Sim, muito estimulante! E depois fiquei em pânico porque só a minha não engatinhava... e fiquei me perguntando todos os dias se ela nunca engatinharia, até que com 10 meses e meio, ela começou a querer independência. E acho que ela queria TANTO, TANTO, que no mesmo dia em que aqueles movimentos desengonçados evoluíram para o engatinhar de verdade, ela alcançava o sofá mais próximo e já se levantava para andar apoiada. Aí sim, quase morri de orgulho. E como durou, meu Deus!! Como durou essa fase de andar apoiada!!!
Os primeiros passinhos absurdamente preguiçosos só vieram com 1 ano e 2 meses. E foi aí que eu comecei a prestar atenção na minha subserviência, sempre ali pronta pra ajudar na primeira ameaça de dificuldade. E pude tentar me corrigir. Continuo tentando. Hoje os passinhos estão MUITO, MUITO melhores!
Minha culpa começou ainda na maternidade. Quem era a única mãe que, literalmente, não queria desgrudar da criança, com medo de darem leite artificial no berçário, ou de acontecer um sequestro de bebê, justo na noite em que ela dormiria longe? E vós, Nossa Senhora do Bom Senso, onde estavas, quando pari?? E foi ali que comecei a superproteger, e sufocar essa mocinha que hoje só quer saber do meu colo, do meu mamá, da minha ajuda pra tudo.
Vem andando me trazer o DVD da Galinha e sem emitir sequer um som, a mamãe vai lá atender e o filminho começa a passar, conforme sua vontade, num passe de mágica. Vem me atacar, abaixando minha blusa, e pronto: mamá à disposição. Começa a mexer a boca como se estivesse mastigando, e lá vem uma bananinha fatiada, porque provavelmente está com fome. Portanto, quem precisar desestimular uma criança, pode me chamar! Tô podendo dar aula sobre o assunto... =(
Amanhã vou procurar um fono, pra, se Deus quiser, ele me tranquilizar e começarmos um treino intensivo para que essas cordinhas vocais desembestem! Oremos!